Um estudo realizado pela cientista social Camila Vedovello mapeou 828 casos de chacinas, em que ocorreram homicídios de três ou mais pessoas, na cidade de São Paulo e região metropolitana entre 1980 e 2020. Os resultados revelam um padrão alarmante: esses crimes majoritariamente afetam as periferias, com homens negros e jovens como principais vítimas. Além disso, quando envolvem agentes de segurança pública, muitas vezes há indícios de ação premeditada.
Os dados apontam para uma situação de “exceção permanente” em que as mortes nas periferias, seja por execuções ou chacinas, são recorrentes, mesmo em um período democrático. Muitas dessas chacinas ocorrem à noite, em locais de socialização das periferias, e os executores podem estar ligados a grupos criminosos. Há um baixo grau de elucidação desses casos, especialmente quando envolvem agentes de segurança.

O estudo também destacou o papel dos movimentos sociais, como o grupo Mães de Maio, que denunciam essas violações dos direitos humanos e defendem o direito à vida. No entanto, a pesquisa ressaltou que nem todas as famílias afetadas conseguem entrar nessa luta política devido ao luto e à dor.
A cientista social enfatizou a importância de compreender o racismo como um elemento fundamental por trás dessas chacinas, já que grupos sociais e territórios inteiros são criminalizados. Para melhorar essa situação, é necessário repensar o funcionamento das polícias, que muitas vezes agem para o controle social, em vez de promover a segurança pública.
Essa pesquisa lançou luz sobre um problema alarmante de violência e injustiça que persiste nas periferias e comunidades marginalizadas, destacando a necessidade de ações concretas para abordar essas questões e promover a igualdade e os direitos humanos.
