No mês de novembro de 2023, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) divulgou dados revelando que o custo da cesta básica aumentou em nove das 17 capitais onde realiza sua Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Essas mudanças, já implementadas nas eleições gerais de 2022, agora refletem nas eleições municipais pela primeira vez.
As maiores altas foram registradas em Brasília (3,06%), Goiânia (1,97%) e Belo Horizonte (1,91%). Notavelmente, em Porto Alegre, o valor da cesta permaneceu inalterado em comparação com outubro. Em contrapartida, quedas significativas foram observadas em Natal (-2,55%), Salvador (-2,17%), Fortaleza (-1,39%) e Campo Grande (-1,20%).
São Paulo liderou como a cidade com o maior custo para o conjunto de alimentos básicos em novembro de 2023, atingindo R$ 749,28, seguida por Florianópolis (R$ 747,59), Porto Alegre (R$ 739,18) e Rio de Janeiro (R$ 728,27). Nas capitais do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram encontrados em Aracaju (R$ 516,76), João Pessoa (R$ 548,33) e Salvador (R$ 550,86).
Ao comparar os valores da cesta entre novembro de 2022 e novembro de 2023, 12 capitais apresentaram redução no preço médio, destacando-se Campo Grande (-8,63%), Belo Horizonte (-7,74%), Brasília (-6,27%) e Goiânia (-5,93%). Cinco cidades, no entanto, registraram variações positivas, com destaque para Salvador (0,03%), Natal (0,06%), Aracaju (0,94%), Fortaleza (1,47%) e Belém (1,74%).
Durante os 11 meses de 2023, o custo da cesta básica diminuiu em todas as cidades, variando entre -9,33% em Campo Grande e -0,67% em Belém. Com base na cesta mais cara, a de São Paulo, o DIEESE estima que, em novembro de 2023, o salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.294,71, ou 4,77 vezes o salário mínimo vigente de R$ 1.320,00. Essa análise leva em consideração a obrigação constitucional de que o salário mínimo deve abranger despesas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.
Cenário da Cesta Básica em São Paulo – Novembro de 2023
Em São Paulo, o custo da cesta básica atingiu R$ 749,28 em novembro de 2023, representando um aumento de 1,51% em relação a outubro. Comparando com novembro de 2022, houve uma redução de -4,27%, e nos 11 meses de 2023, uma queda de -5,31%. O trabalhador paulistano, remunerado com o salário mínimo de R$ 1.320,00, precisou trabalhar 124 horas e 53 minutos para adquirir a cesta básica, em comparação com as 123 horas e 1 minuto necessárias em outubro. Em novembro de 2022, quando o salário mínimo era de R$ 1.212,00, eram necessárias 142 horas e 4 minutos.
Considerando o salário mínimo líquido, o trabalhador paulistano comprometeu, em média, 61,37% de sua renda para adquirir os produtos da cesta básica em novembro de 2023, enquanto em outubro esse percentual foi de 60,45%. Em novembro de 2022, o comprometimento era de 69,81% da renda líquida.
Comportamento dos Preços dos Produtos da Cesta
O aumento no custo da cesta básica foi impulsionado por diversos fatores, incluindo o aumento nos preços de produtos como batata, arroz agulhinha, açúcar, carne bovina de primeira, tomate e café em pó. A análise dos preços desses produtos destaca as oscilações nos mercados locais, as condições climáticas adversas e os impactos nas cadeias de abastecimento.
- Batata: Aumento em quase todas as capitais do Centro-Sul, exceto em Campo Grande (-5,68%). Chuvas e altas temperaturas prejudicaram a qualidade das batatas, elevando os preços no varejo.
- Arroz Agulhinha: Aumento em 16 capitais, com destaque para Aracaju (9,09%) e Goiânia (6,52%). A oferta reduzida, o ritmo das exportações e a entressafra contribuíram para a elevação dos preços.
- Açúcar Refinado: Aumento em 14 cidades, com altas mais expressivas em Fortaleza (3,73%) e quedas no Rio de Janeiro (-0,63%) e Natal (-0,44%). A maior exportação reduziu a oferta e aumentou os preços no varejo.
- Carne Bovina de Primeira: Aumento em 13 capitais, especialmente em Brasília (3,67%), São Paulo (3,19%) e Rio de Janeiro (3,02%). A alta nas exportações resultou em menor disponibilidade interna e elevação dos preços no varejo.
- Tomate: Diminuição em 15 capitais, com destaque para Natal (-12,15%). A oferta aumentada devido ao calor excessivo resultou em preços mais baixos.
- Café em Pó: Diminuição em 14 cidades, sendo as maiores quedas em Vitória (-4,34%) e Belém (-0,38%). Os preços internacionais e a exportação brasileira em baixa contribuíram para cotações menores no varejo.
- Leite Integral: Diminuição em 13 capitais, com quedas mais expressivas em Natal (-3,92%) e aumento em Belém (0,56%). As importações aumentaram, impactando os preços no varejo.
Essas variações nos preços dos produtos da cesta básica influenciam diretamente no custo total para o consumidor, evidenciando a complexidade dos fatores que afetam o poder de compra das famílias brasileiras.
