Deu a louca no prefeito de Rio Claro. Vislumbrado com a reeleição, ele quer avançar contra a coisa pública e, pior, a toque de caixa. Quer vender o DAAE, quer vender o Aeroclube e, pasmem, criar uma loteria municipal — tudo isso sem qualquer discussão, sem ouvir o contraditório, sem abrir espaço para o debate público. Parece o Papai Noel, mas um que aparece para presentear a pior parte do setor privado. É o típico negócio do “ganha-ganha”, onde os lucros vão para poucos e a conta, como sempre, ficará para o rio-clarense.
Água não é commodity. Transformar a gestão do abastecimento público em um negócio para fazer caixa é um fetiche tecnocrata perigoso. O DAAE, nossa joia da coroa, não pode ser tratado como uma empresa comum. Depois que o recurso arrecadado com essa venda sumir no descontrole orçamentário e em projetos mal geridos, quem pagará os custos será o povo. Meus netos, seus netos, todos nós sofreremos as consequências dessa loucura. É o futuro de Rio Claro que está em jogo.
E o que falar da área do Aeroclube? Vender aquele terreno para transformá-lo em mais um espaço de concreto é um crime contra a cidade. Estamos falando de uma área que deveria ser preservada como estratégica para a recarga hídrica. Rio Claro já enfrenta desafios ambientais severos, e a falta de cuidado com o uso do solo só agrava a situação. Será que é tão difícil entender que precisamos de planejamento sustentável e não de decisões tomadas às pressas?
E, como se não bastasse, o prefeito agora quer criar uma loteria municipal. Sem ouvir especialistas, sem apresentar estudos de impacto e sem debater com a população. Quem realmente se beneficia com isso? O modelo que está sendo desenhado parece atender apenas aos interesses de curto prazo, colocando o município como financiador de interesses privados. Mais uma vez, é o tipo de medida que só favorece um pequeno grupo, deixando para trás as reais necessidades de Rio Claro.
Tudo isso está sendo feito com o auxílio de uma Câmara Municipal omissa, formada por vereadores que já perderam a reeleição e agora parecem agir a troco de interesses obscuros. É inaceitável que decisões tão graves sejam aprovadas sem resistência, sem transparência e sem responsabilidade.
Rio Claro não pode aceitar esse ataque ao patrimônio público. Não iremos nos calar. Água é um direito, e não um produto. Nosso território é um bem comum, não uma mercadoria. E o futuro das próximas gerações não pode ser negociado em reuniões a portas fechadas.
Salva, salve, Rio Claro querida! A cidade precisa da força de seus cidadãos para barrar esses absurdos e defender o que é nosso por direito. É hora de agir antes que seja tarde demais.
Antonio Archangelo é professor, gestor e autor do livro Inovação no setor público.
