Em 2024, o Brasil registrou um crescimento econômico de 3,5%, o que resultou na criação de 1,7 milhão de empregos com carteira assinada e uma queda no desemprego. Embora esses números sejam positivos, as desigualdades entre mulheres e homens no mercado de trabalho permanecem inalteradas. Apesar das boas notícias econômicas, as mulheres continuam enfrentando as maiores taxas de desemprego, salários mais baixos e uma sobrecarga de tarefas domésticas.
A pesquisa divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) revela que as mulheres, embora tenham conquistado uma posição de destaque na chefia dos lares, com 52% dos domicílios brasileiros sendo liderados por mulheres, ainda enfrentam enormes desafios no mercado de trabalho. A taxa de desocupação feminina em 2024 foi de 7,7%, enquanto a masculina foi de 5,3%. A situação se agrava entre as mulheres negras, com uma taxa de desocupação de 9,3%.
Além disso, as mulheres continuam ganhando menos que os homens. Em média, elas recebem R$ 762 a menos por mês, o que corresponde a uma diferença de 22%. Entre os que possuem ensino superior, essa diferença chega a R$ 2.899, e nas posições de liderança, como diretores e gerentes, a discrepância chega a R$ 3.328, ou aproximadamente R$ 40 mil anuais. As mulheres negras enfrentam uma desigualdade ainda maior, com os homens não negros ganhando 115% a mais do que elas.
O estudo também destaca a sobrecarga das mulheres com os afazeres domésticos. Elas gastam, em média, 21 dias a mais do que os homens com tarefas domésticas por ano, uma carga extra que prejudica sua participação no mercado de trabalho remunerado. A dupla jornada feminina, somando o trabalho remunerado e o não remunerado, resulta em uma carga semanal de 55 horas, contra 53 horas dos homens. Esse tempo dedicado ao trabalho não remunerado é um fator determinante para as desigualdades salariais e profissionais entre os gêneros.
Além disso, a pesquisa aponta que, apesar de a Lei de Igualdade Salarial entre Homens e Mulheres, sancionada em 2023, começar a ser aplicada, os efeitos reais dessa legislação ainda são tímidos. A transparência salarial nas empresas é um passo importante, mas ainda há muito a ser feito para garantir igualdade de remuneração e melhores condições de trabalho para as mulheres.
Em um contexto onde celebra-se o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, é fundamental refletir sobre os avanços conquistados e, principalmente, sobre os desafios que ainda precisam ser superados para garantir que as mulheres tenham os mesmos direitos e oportunidades que os homens no ambiente profissional. O Dia Internacional da Mulher é um momento para reforçar o compromisso com políticas públicas que visem à redistribuição das responsabilidades domésticas, como a ampliação da licença-paternidade e a oferta de creches públicas, permitindo que as mulheres possam ter maior acesso a oportunidades no mercado de trabalho. Embora a liderança feminina na chefia dos lares seja um avanço significativo, ainda há muito a ser feito para garantir igualdade de gênero em todas as esferas da sociedade.
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