Por Antonio Archangelo
A política municipal de Rio Claro, sob a administração de Gustavo Perissinotto, tem demonstrado um nível de arrogância sem precedentes na história recente da cidade. Reeleito com ampla maioria em 2024, o prefeito e seu grupo político parecem ter adotado a postura de quem detém a posse da bola no jogo da gestão pública, impondo regras unilaterais e desprezando o diálogo com a população e, em especial, com o funcionalismo municipal.
Esse comportamento infantil e autoritário tem se refletido em diversas decisões e acordos políticos, nos quais o governo municipal conta com um apoio considerável de setores da elite rio-clarense e da imprensa local o que tem ajudado a consolidar uma narrativa favorável à administração, minimizando as críticas e abafando os sinais claros de insatisfação popular.
Entretanto, a principal faísca desse barril de pólvora não é apenas a arrogância, mas o excesso – e não o avanço – da precarização dos serviços públicos diante de um processo acelerado de privatização de setores essenciais, como saúde e educação. A entrega de recursos públicos a consórcios, a ausência de prioridades claras na gestão municipal e a forma questionável como o erário tem sido tratado acentuam a crise. Enquanto servidores lutam por melhores condições de trabalho, o prefeito, a vice-prefeita, secretários e vereadores concedem a si próprios vultosos aumentos salariais, escancarando a incoerência e a falta de compromisso com a cidade.
Esse cenário tem gerado revolta dentro do funcionalismo público municipal, que vê seus direitos sendo atacados, seus salários achatados e suas condições de trabalho deterioradas. O servidor rio-clarense vê cidades da região valorizando servidores, como a pequena Santa Gertrudes, enquanto o “rei sol” dá de ombros aos pedidos legítimos.
O risco de uma greve geral cresce a cada dia, e o governo municipal parece ignorar os sinais de alerta, preferindo dobrar a aposta em uma postura de intransigência e desprezo pelo diálogo e acreditando em atores que não possuem qualquer gerência no funcionalismo.
Além disso, a direita rio-clarense se encontra em uma sinuca de bico. A ala bolsonarista, historicamente aliada a políticas de desmonte do serviço público, se vê agora defendendo os servidores em oposição à administração Perissinotto. Essa reviravolta, como se um novo PT emergisse na Cidade Azul, expõe contradições políticas e pode ter impactos significativos no cenário eleitoral futuro da cidade.
O fato é que Rio Claro está à beira de uma crise sem precedentes. A combinação de um governo arrogante, a precarização do serviço público, o desvio de prioridades orçamentárias e os privilégios da cúpula municipal e da Câmara Municipal cria um ambiente insustentável. Caso o prefeito não reveja sua postura e não busque um diálogo real com os trabalhadores e com a população, uma greve geral pode ser o estopim para uma reconfiguração política que abalará profundamente sua gestão.
A arrogância política cobra seu preço, e o governo Perissinotto parece prestes a descobrir isso da pior maneira possível.
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