Rio Claro, a mesma cidade que já foi símbolo da Constituição Cidadã por abrigar o nome de Ulysses Guimarães em uma fundação pública municipal, hoje afunda no lodo do compadrio, da incompetência e do abandono institucional. A terra que quer se vender como “capital caipira das high-techs” está, na verdade, enredada em um projeto de poder tóxico e insustentável, que usa a tecnocracia como fachada para encobrir incompetência, ganância e degradação.
Nesta semana, três bombas fiscais explodiram na mesma calçada pública:
📉 a Fundação Ulysses Guimarães teve suas contas de 2023 julgadas irregulares, e foi declarada virtualmente morta pelo Tribunal de Contas;
🚱 o DAAE, mesmo com prestação de serviços essenciais, continua em rota de colapso, com endividamento, obras paradas, macromedidores sem energia e alertas fiscais ignorados;
💰 e a Câmara Municipal, que deveria fiscalizar tudo isso, tornou-se um palanque de conveniência, onde amigos de governo cuidam dos próprios interesses — e vendem a ideia de que está tudo sob controle.
Mas está?
☠️ A “CAPITAL DA TECNOCRACIA” É UMA CASA DA MÃE JOANA
A “eficiência técnica” tão alardeada nos palanques virou peça de ficção. Enquanto falam de “cidade inteligente”, o que temos na prática é uma cidade desgovernada, onde:
- 🏗️ Projetos megalomaníacos são lançados sem estudo técnico, sem plano de viabilidade, e com cheiro de cortina de fumaça;
- 📦 Tentam vender terrenos públicos como se fossem mercadorias privadas em liquidação de fim de gestão;
- 👔 Criação de cargos e gratificações pipocam enquanto o cidadão amarga o sucateamento de serviços básicos;
- 💧O DAAE é fatiado: o esgoto já está nas mãos da iniciativa privada desde a PPP; agora a água corre o risco de seguir o mesmo caminho, sem debate público, sem transparência, sem garantias de acesso universal;
- ✈️ O aeroporto regional está na fila para ser rifado — um bem público com potencial estratégico sendo tratado como entulho na prateleira.
🧬 O COMPADRIO QUE A POPULAÇÃO REELEGEU
O mais grave: esse modelo foi validado nas urnas. O prefeito foi reeleito. A maioria dos vereadores que hoje deveriam fiscalizá-lo são os mesmos que estavam no palanque com ele. E agora fingem espanto enquanto carimbam projetos obscuros, silenciam diante de irregularidades e cruzam os braços quando o TCE aponta o caos.
A Câmara virou um espelho da omissão que patrocina: corporativismo, troca de favores, e a paralisia moral que impede qualquer ruptura com a lógica de “quem manda aqui são os de sempre”.
🧩 DA “INOVAÇÃO” À RUÍNA
É o paradoxo de Rio Claro em 2025:
📍 Capital das start-ups, mas com fundação pública sem site, sem atividade e sem contador;
📍 Cidade das tecnologias limpas, mas com esgoto mal tratado, estação sem energia e água em vias de privatização total;
📍 Modelo de gestão republicana, mas que não consegue nem seguir a ordem cronológica de pagamentos;
📍 Berço de Ulysses Guimarães, mas que assiste à derrocada da própria fundação que leva seu nome sem luto, sem reação, sem vergonha.
A única coisa que parece funcionar com precisão suíça é a retórica. A retórica de que tudo isso é necessário “para atrair investimentos”, “para modernizar a máquina”, “para garantir resultados”. Mas os resultados estão aí: déficits, dívidas, descaso e descrença.
✊ VERGONHA NÃO É OPÇÃO, É URGÊNCIA
Chegou a hora de encarar a verdade: Rio Claro não tem um problema técnico. Tem um problema ético. Não se trata apenas de folha de pagamento, ou de números na coluna errada. Trata-se de projeto de cidade — e do fracasso retumbante de quem prometeu governar com excelência e entregou um Frankenstein de abandono e arrogância.
A população precisa se levantar, exigir responsabilidade, abrir os olhos para o desmonte — antes que não reste mais nada para reconstruir.
Porque quando até a Fundação Ulysses Guimarães morre em silêncio, a democracia grita por socorro.
🖋 Editorial Portal Archa
“A cidade não é um balcão de negócios. Nem palanque eterno para apadrinhados.”
© Portal Archa – CC-BY-NC-SA
