Vereador Dalberto Christofoletti é preso em operação do Gaeco após declarações polêmicas e investigações de desvio de R$ 814 mil

O vereador Dalberto Christofoletti (PSD), uma das figuras políticas mais polêmicas e midiáticas de Rio Claro, foi preso preventivamente na sexta-feira, 23 de maio de 2025, durante a segunda fase da Operação Apropriação Cultural, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO). A prisão ocorre poucas semanas depois de uma série de declarações inflamadas do vereador, que ganhou notoriedade ao afirmar que o pai da vereadora Tiemi Nevoeiro (Republicanos) havia “governado Rio Claro da cadeia”. Agora, Christofoletti se vê no centro de uma investigação que pode resultar em sérias consequências para sua carreira política e para a política municipal como um todo.

A Operação Apropriação Cultural investiga o desvio de recursos públicos da Secretaria Municipal de Cultura, onde Dalberto Christofoletti esteve à frente entre 2022 e 2024. De acordo com as investigações, mais de R$ 814.900,00 foram desviados dos cofres públicos por meio de contratações fraudulentas de empresas controladas por laranjas. Esses valores, recebidos sem licitação, foram posteriormente transferidos para contas pessoais de Christofoletti. A movimentação financeira do vereador foi considerada incompatível com os rendimentos que ele havia declarado à Receita Federal.

A prisão preventiva de Christofoletti foi decretada pela Justiça, e mandados de busca e apreensão foram cumpridos em sua residência e no gabinete da Câmara Municipal. Durante a operação, foram apreendidos celulares, documentos e até uma arma de fogo. Além disso, a Justiça também determinou o sequestro de bens no valor equivalente ao montante desviado.

A ascensão política de Dalberto Christofoletti

Em sua passagem pela Secretaria Municipal de Cultura, Christofoletti conquistou a reputação de ser um dos maiores defensores da área cultural em Rio Claro, chegando a ser denominado o “Midas cultural” da cidade. Durante sua gestão, conseguiu expandir o orçamento da Cultura, restaurar patrimônios históricos e promover eventos marcantes que trouxeram visibilidade à cidade, como o “Projeto 4 e meia” e o “Noite no Museu”, entre outros. Seu trabalho foi amplamente elogiado por escritores, músicos, atores e artistas locais, e ele até foi nomeado um dos acadêmicos da recém-criada Academia Rio-Clarense de Letras (ALERC-SP).

No entanto, sua ascensão ao status de herói cultural não impediu que seu nome se envolvesse em investigações sobre corrupção. Christofoletti, que em diversas ocasiões alegou não estar sendo investigado, agora se vê no centro de um escândalo político e financeiro que poderá marcar o fim de sua carreira pública.

A Câmara Municipal de Rio Claro: Conivência e omissão

Do outro lado, está a Câmara Municipal de Rio Claro, presidida por José Pereira dos Santos (PSD), tem sido alvo de críticas intensas por sua postura conivente diante de diversos casos de corrupção envolvendo vereadores da base governista. A Câmara, que em vários momentos demonstrou fechar os olhos para práticas ilícitas, como no caso da “rachadinha”, segue sendo criticada por sua falta de ação.

A presença de José Pereira à frente da Câmara, um dos maiores defensores do governo municipal, tem sido vista como um reflexo da falta de fiscalização e independência da Casa Legislativa. O vereador, que há décadas ocupa cargos na política de Rio Claro, é frequentemente apontado por seus críticos como alguém mais preocupado em garantir a estabilidade do governo do que em promover uma verdadeira atuação legislativa. A Câmara Municipal, apesar de ser uma das mais caras, proporcionalmente falando, do estado, tem sido acusada de ser um “puxadinho” do Executivo, onde as decisões muitas vezes são tomadas sem questionamento, e onde os casos de corrupção são abafados pelo silêncio.

Esse cenário reflete a contínua tentativa de desviar a atenção do povo, com a Câmara preferindo “empurrar a sujeira para debaixo do tapete” em vez de tomar medidas enérgicas e transparentes. A falta de ação e a omissão diante de casos de corrupção, como o de Dalberto Christofoletti, comprometem ainda mais a confiança da população nas instituições públicas locais.

A postura da Câmara Municipal de Rio Claro no caso Dalberto Christofoletti representa mais um exemplo de seu papel inerte na fiscalização da administração pública. Apesar da prisão de um de seus membros e da gravidade das acusações, a Casa Legislativa se manteve em silêncio por semanas, sem tomar qualquer atitude para investigar as denúncias. Mesmo com a prisão preventiva de Christofoletti, a Câmara apenas afirmou que aguardará o desenrolar das investigações.

O silêncio e a omissão da Câmara Municipal são vistas como parte de um problema maior, que envolve a falta de transparência e a permanência de práticas políticas que favorecem os interesses de um grupo em detrimento da população. A ausência de uma ação firme por parte dos vereadores, especialmente os da base governista, reforça a sensação de impunidade e desconfiança nas instituições políticas locais.

O futuro político de Dalberto Christofoletti e da própria Câmara Municipal de Rio Claro dependerá de uma reação mais proativa da sociedade, que precisa cobrar maior responsabilidade e transparência dos seus representantes. Caso contrário, o município poderá continuar sendo refém de uma política de conivência e omissão, onde os interesses da população são constantemente negligenciados em favor de acordos políticos.


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