RIO CLARO | 10 JUN 2025 – Em meio à repercussão da prisão do ex-secretário de Cultura e atual vereador Dalberto Christofoletti (PSD), a gestão do prefeito Gustavo Perissinotto (PSD) promoveu mudanças estratégicas no primeiro escalão. A movimentação ocorre no momento em que o governo tenta reorganizar sua base e blindar danos institucionais após denúncias envolvendo a pasta da Cultura.
No Diário Oficial publicado nesta terça-feira (10), a Nathália Spatti Delazeri atual secretária municipal de Cultura, em seu primeiro ato oficial, revogou a lista de habilitados no Edital de Chamamento Público 001/2025, exigindo que todos os proponentes reprotocolassem seus projetos para nova análise da Comissão de Seleção. A decisão afeta diretamente artistas, coletivos e produtores culturais que aguardavam o repasse de recursos para execução de atividades já planejadas.
🎭 Corte seco no fomento cultural
A revogação do edital não veio acompanhada de justificativa técnica detalhada, o que gerou indignação no setor cultural.
“É como se o trabalho de meses tivesse sido jogado no lixo”, comentou um produtor local. “Isso desmobiliza toda a cadeia criativa da cidade.”
🎤 Cultura reforçada, trocas silenciosas no alto escalão
Ao reforçar a pasta da Cultura com uma figura de confiança, o prefeito sinaliza tentativa de retomar o controle político e institucional da área, que vinha sendo foco de desgaste. Embora mudanças também tenham ocorrido na Comunicação, foi na Cultura que se deu a movimentação mais simbólica: o primeiro ato da nova secretária foi anular o processo mais aguardado do ano pelo setor artístico.
💰 Troca nas Finanças em meio a questionamentos orçamentários
Além disso, o prefeito exonerou o secretário de Finanças José Cláudio Simões, nomeando para o cargo Maria Elisa Vitte de Souza.
A movimentação orçamentária e o volume de empenhos relacionados ao Edital de Chamamento Público 001/2022 (base de repasses a projetos culturais) seguem elevados, conforme registros de restos a pagar e contratos em execução consultados pela reportagem.
⚠️ Riscos de apagão cultural e insegurança jurídica
A revogação do edital levanta preocupações quanto à segurança jurídica dos projetos já habilitados, bem como ao cumprimento das metas pactuadas em políticas públicas culturais anteriores, como o fomento à cultura popular, negra, periférica e inclusiva.
Sem mecanismos de transição ou diálogo transparente, a cidade corre o risco de vivenciar um verdadeiro apagão cultural – com perda de projetos, desmobilização de artistas e descrédito junto a instituições financiadoras.
O Portal Archa seguirá monitorando os atos oficiais, os efeitos práticos da revogação do edital e as mudanças no núcleo de poder do governo municipal.
