🎓📉 Pós-graduação eleva salários, mas desigualdade racial resiste: dados expõem limites do “diploma como ascensão”

Uma nova pesquisa sobre pós-graduação lato sensu no Brasil reforça uma tese muito repetida — mas pouco discutida em profundidade: fazer especialização aumenta o salário médio.

Em 2023, quem tinha pós-graduação lato sensu ganhava, em média, R$ 6.246 — mais que o dobro dos trabalhadores com ensino superior incompleto. Mas os mesmos dados mostram o outro lado dessa moeda: a pós-graduação ainda é um espaço marcadamente branco e desigual.

Segundo o levantamento Pesquisa de Pós-Graduação Lato Sensu no Brasil 2023 (Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular), pretos e pardos somavam apenas 39% dos alunos matriculados, contra 57% de brancos.

Em outras palavras: o “prêmio salarial” da pós-graduação existe — mas não é igualmente acessível para todos.


📊 Diploma ajuda — mas para quem?

A narrativa liberal sobre educação muitas vezes vende o diploma como passaporte automático para ascensão social. Mas os dados mostram que não basta abrir vagas: é preciso enfrentar barreiras estruturais que definem quem consegue estudar.

A pesquisa mostra que:
✅ O setor privado concentra 94% das matrículas em especializações.
✅ Mais de 1,4 milhão de alunos estavam matriculados em lato sensu em 2022.
✅ Quase 60% das matrículas estão no Sudeste.

Ou seja, mesmo com expansão de vagas — inclusive via Educação a Distância (EAD), que já responde por 53% das matrículaso acesso continua desigual por raça, renda e território.


⚠️ O risco da ilusão meritocrática

Os dados são claros: o diploma de pós-graduação correlaciona com renda mais alta. Mas transformar esse dado em política pública sem crítica pode reforçar desigualdades.

Isso porque:
✔️ Os negros têm menos acesso às condições para chegar à pós.
✔️ Cursos pagos (predominantes no setor privado) exigem renda prévia.
✔️ Trabalhadores negros enfrentam mais dificuldades para conciliar estudo e trabalho.
✔️ O retorno salarial não elimina a discriminação racial no mercado.

“Ampliar o acesso à educação é necessário, mas não suficiente. É preciso combater o racismo estrutural que define quem se forma e quem ganha mais depois”, comenta o relatório.


🗨️ Para pensar

No Brasil, o discurso de “estude para vencer” precisa ser olhado de frente. Não basta dizer que a pós-graduação aumenta salários se os negros são sub-representados no acesso e sub-remunerados mesmo quando têm o mesmo diploma.

Para o Archa, discutir os dados da pós-graduação não é só falar de mercado educacional — é falar de justiça social.


📎 Fonte:
Pesquisa de Pós-Graduação Lato Sensu no Brasil 2023 (Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular)



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