Apesar da queda de preços em parte das capitais, estudo aponta alta acumulada no ano e custo da alimentação que consome mais da metade do salário mínimo líquido.
Apesar de uma leve trégua nos preços em boa parte do país, o custo da alimentação básica continua pesando no bolso do trabalhador brasileiro. Segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada nesta terça-feira (8) pelo DIEESE, o valor da cesta diminuiu em junho em 11 das 17 capitais pesquisadas.
Entre as maiores quedas estão Aracaju (-3,84%), Belém (-2,39%), Goiânia (-1,90%) e São Paulo (-1,49%). Em contrapartida, Porto Alegre (1,50%) e Florianópolis (1,04%) registraram aumento. Mesmo com a queda pontual, quase todas as capitais acumulam alta no ano — chegando a 9,10% em Fortaleza.
São Paulo segue com a cesta básica mais cara do Brasil, custando R$ 882,76. Já Aracaju tem o menor valor, com R$ 557,28. Em média, o trabalhador brasileiro precisou de 107 horas e 10 minutos para comprar os alimentos básicos em junho — ainda uma jornada exaustiva que consome mais de 52% do salário mínimo líquido.
O DIEESE calcula que o salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ter sido R$ 7.416,07 em junho de 2025 — ou 4,89 vezes o salário mínimo oficial, atualmente em R$ 1.518,00.
“Esses números escancaram a insuficiência do piso nacional para garantir o direito constitucional a uma vida digna”, comenta o relatório.
📊 Destaques do levantamento
- Cesta mais cara: São Paulo (R$ 882,76)
- Cesta mais barata: Aracaju (R$ 557,28)
- Maior alta anual: Fortaleza (9,10% em 2025)
- Salário mínimo necessário: R$ 7.416,07
Entre os alimentos, o arroz e a batata caíram em todas as capitais de maio para junho, reflexo de colheitas maiores e maior oferta. Já o café em pó e a carne bovina de primeira seguem pressionando o orçamento — com alta acumulada de mais de 80% e 26%, respectivamente, em 12 meses em São Paulo.
Em meio à crise de renda e à desigualdade social, o dado mais chocante talvez seja o tempo de trabalho necessário para bancar o básico: em São Paulo, o trabalhador que ganha um salário mínimo precisa de quase 128 horas mensais — mais de 62% do salário líquido vai só para alimentação essencial.
Para quem acompanha de perto o custo de vida no Brasil, o recado é claro: mesmo quando o mercado comemora alívio pontual da inflação, a conta continua alta para quem vive de salário mínimo.
