Cariri, 22 de agosto de 2025 – Uma pesquisa publicada na Revista Faculdade FAMEN mostra como a literatura infantojuvenil pode ser um instrumento poderoso de resistência cultural e de educação socioambiental. O artigo “Ancestralidade, território e natureza no Cariri: dialogismos em A lenda da Pedra da Batateira”, de Amanda Nobre Dias e José Flávio da Paz, analisa o livro de Fátima Teles (2020) e revela como seus recursos narrativos articulam oralidade, saberes indígenas e metáforas científicas para construir uma ética de cuidado com o território.
O estudo identifica três eixos centrais:
- Oralidade e ancestralidade: a figura da avó, que narra a lenda, conecta gerações e ecoa vozes ancestrais, evocando memórias coletivas que dialogam com pensadores como Ailton Krenak.
- Território e pertencimento: a Chapada do Araripe e elementos do Cariri — como cajus, pequis e seriguelas — são apresentados como agentes narrativos que reforçam vínculos identitários e culturais.
- Natureza como sagrado: a pedra, os rios e a “mãe-d’água” são tratados como sujeitos vivos, numa cosmovisão que integra mito e ciência, reforçada por referências como “Pangeia” e termos geológicos.
Os achados mostram que a narrativa não só tensiona discursos coloniais que reduzem os povos indígenas ao passado, mas também abre espaço para estratégias contra-hegemônicas que valorizam os saberes Kariri. A análise conclui que obras como A Lenda da Pedra da Batateira, quando mediadas criticamente em sala de aula, podem formar leitores críticos, sensíveis e comprometidos com a diversidade cultural e ecológica.
Referência
DIAS, Amanda Nobre; PAZ, José Flávio da. Ancestralidade, território e natureza no Cariri: dialogismos em A lenda da Pedra da Batateira. Revista Faculdade FAMEN – REFFEN, v. 6, n. 2, p. 127-147, 2025. DOI: https://doi.org/10.36470/famen.2025.r6a20.
Imagem: https://mapacultural.secult.ce.gov.br/espaco/5618/ – Geossítio Batateiras – Cadastrado em 15/03/2022 ás 14:14:24
