A implementação do novo arcabouço fiscal no Brasil está prestes a trazer mudanças significativas na política fiscal do país. Enviado ao Congresso na última quinta-feira (31), o projeto do Orçamento de 2024 materializou o desafio proposto por essas novas regras e oferece uma visão clara do caminho que a economia brasileira pode trilhar nos próximos anos.
Curto Prazo (1-2 anos)
No curto prazo, a meta fiscal para 2024 estabelecida no Orçamento apresenta um desafio significativo. O governo precisa reforçar o caixa em R$ 168 bilhões para encerrar o próximo ano com um superávit primário de R$ 2,84 bilhões, partindo de um déficit projetado em R$ 145,4 bilhões para 2023. Esse aumento na receita líquida é essencial para cumprir as novas metas fiscais impostas pelo novo arcabouço.
O governo planeja obter esses recursos por meio de medidas como a restauração do voto de desempate do governo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que pode render R$ 54,7 bilhões. Essas ações podem impactar positivamente o cenário fiscal a curto prazo, mas também podem ser desafiadoras para o Congresso aprovar devido à natureza das mudanças propostas.
Médio Prazo (3-5 anos)
No médio prazo, a implementação das medidas para reforçar o caixa e cumprir as metas fiscais pode gerar resultados variados. O aumento de arrecadação pode criar uma base fiscal mais sólida, mas também representa um desafio para o governo e o Congresso, pois algumas das propostas envolvem a tributação de setores não regulamentados e a camada mais rica da população.
A recomposição de políticas públicas que deixaram de ser executadas nos últimos anos, como os pisos constitucionais de saúde e educação, pode ter um impacto significativo na qualidade dos serviços públicos, mas também requer financiamento adicional.
Longo Prazo (5 anos ou mais)
No longo prazo, o Brasil pode colher os frutos de um ambiente fiscal mais estável e previsível. Se o governo conseguir equilibrar suas metas fiscais e direcionar investimentos em áreas estratégicas, como infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento, e educação, isso poderá aumentar a produtividade da economia brasileira e torná-la mais competitiva globalmente.
Além disso, o novo arcabouço fiscal pode atrair investidores estrangeiros de longo prazo, impulsionando o crescimento econômico sustentável.
Conclusão
A combinação do novo arcabouço fiscal com o desafio apresentado pelo Orçamento de 2024 destaca a necessidade de um equilíbrio cuidadoso entre metas fiscais ambiciosas e o impacto sobre a economia e a sociedade brasileira. O aumento de gastos em áreas essenciais e as medidas de arrecadação propostas podem moldar o futuro econômico do Brasil.
No entanto, esse cenário traz desafios significativos para o governo e o Congresso, à medida que buscam encontrar soluções para cumprir essas metas fiscais ambiciosas sem prejudicar o crescimento econômico e o bem-estar da população.
As fontes de receita adicionais mencionadas, como o empoçamento de recursos, a regulamentação de preços de transferência e outras possíveis medidas, oferecem alguma flexibilidade, mas também requerem um acompanhamento próximo e a capacidade de adaptação à medida que a situação evolui.
O futuro econômico do Brasil depende da capacidade de equilibrar esses desafios fiscais com o crescimento sustentável e a estabilidade, e, portanto, requer um compromisso contínuo das autoridades econômicas e políticas para alcançar resultados positivos. Acompanhar de perto esses desenvolvimentos será essencial para avaliar seu impacto real e fazer ajustes quando necessário.
