Professores de Rio Claro ganham apoio da CSP-Conlutas, que critica esvaziamento da representação sindical

Central sindical acusa sindicato local de atuar contra os interesses da base e apoiar reajuste inferior ao aprovado em assembleia.

A campanha salarial de 2025 em Rio Claro continua gerando forte repercussão após críticas de que a direção de sindicato local teria auxiliado para aprovar um reajuste inferior ao deliberado pela categoria. A situação mobilizou a CSP-Conlutas, que publicou nota de apoio aos professores da rede municipal e classificou o episódio como parte de um processo de esvaziamento da representação sindical.

Segundo a publicação  baseada na denúncia do grupo Servidores em Luta, o reajuste de 4,56% aprovado pela Câmara Municipal, em março, teria ignorado a proposta de 8% votada pela base. O movimento aponta que a condução da campanha salarial teria sido marcada por autoritarismo, restrição de acesso a assembleias, exclusão de profissionais da educação e negociações sem transparência. Em assembleia realizada com entrada limitada apenas a filiados, dezenas de servidores da educação teriam sido impedidos de participar da deliberação.

Mesmo assim, a pressão da base conseguiu barrar momentaneamente a proposta da Prefeitura, liderada pelo atual prefeito. Porém, poucos dias depois, a direção sindical teria encerrado as negociações e culpou os protestos dos próprios servidores pelo fim das tratativas.

A resposta veio nas ruas. Em 27 de março, a educação municipal protagonizou uma paralisação histórica, com forte adesão das escolas e apoio da população. A mobilização escancarou denúncias de falta de merenda escolar, entrega de alimentos vencidos, ausência de produtos de limpeza, precarização das condições de trabalho e desrespeito ao plano de carreira do magistério.

No dia 23 de maio, novo ato reuniu cerca de 1.300 servidores, com paralisação quase total das escolas e realização de aulas públicas, marchas e ocupação do entorno da prefeitura. O movimento segue organizando reuniões e propõe a reabertura da campanha salarial, além da reconstrução democrática da representação sindical.

Em nota oficial publicada em 5 de junho, a CSP-Conlutas São Paulo declarou total apoio aos trabalhadores da educação de Rio Claro e criticou o que chamou de “correia de transmissão do Executivo municipal”, em referência à atuação da atual direção do sindicato. A central sindical afirmou que a luta dos professores evidencia a crise de legitimidade de sindicatos que abandonaram o papel de defender a base e atuam em parceria com os governos locais.

“A CSP-Conlutas presta solidariedade aos trabalhadores da educação de Rio Claro e oferece todo apoio para mudar esta realidade”, afirma o comunicado.

O Portal Archa acompanha, desde março, os desdobramentos da crise na educação municipal, que já gerou manifestações públicas da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e a abertura de investigação pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), como noticiado em:

• 📢 Campanha pelo Direito à Educação apoia professores de Rio Claro
• 🚨 Ministério Público abre investigação sobre colapso na educação de Rio Claro

Contata a assessoria do sindicato local não comentou a nota.