Menos Campinas, Mais Piracicaba: Eu tenho um sonho

Eu tenho um sonho. Um sonho onde as 24 cidades da Região Metropolitana de Piracicaba, com sua rica história, com sua gente trabalhadora e resiliente, se unam para eleger 3 deputados federais e 4 deputados estaduais. Um sonho onde as vozes de Piracicaba, Rio Claro, Limeira, Capivari e de cada um dos outros municípios que compõem nossa região, sejam ouvidas em Brasília e na Assembleia Legislativa de São Paulo. Um sonho onde nós, da RMP, possamos, finalmente, tomar as rédeas do nosso destino político, econômico e social.

Eu tenho um sonho, onde a rivalidade histórica entre as nossas cidades, que por tanto tempo nos dividiu, se torne um recurso de união, e as forças locais se unam para garantir que nossos problemas sejam tratados com a devida atenção e compromisso. Um sonho onde nossa região, com 1.519.012 habitantes e 1.132.182 eleitores aptos, não seja mais ignorada, mas que possa finalmente se tornar protagonista da política paulista e nacional. Um sonho onde a RMP tenha a representação que merece, sem mais precisar depender dos favores de candidatos de fora, como Campinas, que historicamente roubam nossos votos e interesses.

Nós somos uma região com grande potencial, com uma história de poder e influência que moldou o Brasil. Já fomos berço do movimento republicano, já fomos a base de sustentação de decisões políticas que alteraram o curso da história do país. E, no entanto, hoje, nos vemos reduzidos a uma região de segunda classe, com nossa força política sendo direcionada para fora, com nossos votos sendo entregues a candidatos distantes, que não têm a menor ideia do que é viver e lutar na nossa região.

Eu tenho um sonho de que, ao invés de vermos nossas necessidades sendo muitas vezes ignoradas, nós possamos unir nossas forças para eleger candidatos locais, que realmente compreendam o que é viver na RMP e que tenham um compromisso genuíno com o futuro da nossa região. Que possamos eleger 3 deputados federais que lutem por nossos interesses em Brasília, que nos tragam os investimentos que tanto precisamos, que protejam nossa indústria, nossa agricultura, nossa infraestrutura. E que possamos eleger 4 deputados estaduais que estejam ao nosso lado, lutando para que a RMP tenha voz nas decisões estaduais que impactam diretamente a nossa vida cotidiana.

Eu tenho um sonho onde a RMP pare de ser submisso à política de favores. Onde nossa região pare de ser dependente de alianças externas e comece a trabalhar com sua própria força, com seus próprios representantes. Quando digo representantes, falo de líderes locais, daqueles que conhecem a nossa terra, que sentem as dificuldades de quem mora aqui, de quem vive os desafios diários, e que têm compromisso com a nossa gente.

Nós não precisamos mais de favores. Precisamos de liderança própria. O aeroporto regional, um projeto fundamental para a autonomia econômica da RMP, não pode mais ser uma promessa vazia. Não podemos mais esperar que outros decidam por nós o nosso futuro. A RMP tem força suficiente para garantir sua autonomia política e econômica, e a hora de agir é agora.

Mas há também um fator urgente a ser discutido. A crise das taxas de Trump, que promete afetar diretamente nossa região, é um episódio trágico que pode ceifar riquezas e empregos. As negociações internacionais, que já são difíceis, podem impactar nossa economia de maneira devastadora se não tivermos uma representação à altura. As decisões que estão sendo tomadas fora de nossa região podem afetar diretamente os empregos que dependem da indústria, do agronegócio e do comércio local. Sem representantes regionais fortes, quem irá brigar pelos nossos interesses? Dependermos de favores e alianças externas pode ser um tiro no pé. Não podemos mais ficar à espera de favores de fora, quando nossa história de poder político já nos mostra que a nossa força está em nossos próprios representantes. A hora de tomar a frente é agora.

O ranking de vereadores da RMP revela um panorama de forças políticas que não têm sido aproveitado como deveria. O PL lidera com 53 cadeiras, seguido pelo PSD com 44, Republicanos com 35, PP com 29 e MDB com 27. Já partidos como PSB e União Brasil somam 8, enquanto a Federação PSDB/Cidadania acumula 8 também (com 6 do PSDB e 2 do Cidadania). E outros como Solidariedade, Avante têm 7, Federação Brasil da Esperança (PT, PV e PCdoB) com 6) e DC com 5. Esse é o poder real da RMP, e ele precisa ser canalizado para garantir que nossa representatividade política não seja mais diluída em acordos eleitorais que nos desconsideram.

Eu tenho um sonho, e esse sonho está ao nosso alcance. Se a RMP se unir, se deixarmos as rivalidades históricas de lado e fortalecermos nossa representatividade política, podemos garantir que nossa voz seja ouvida, que a nossa região seja respeitada, e que o futuro da RMP seja finalmente de protagonismo.


*Antonio Archangelo é pesquisador, professor e gestor público, morador de Rio Claro desde 1992. Atua na interseção entre educação pública, políticas sociais, gestão pública e comunicação crítica. Atualmente, é doutorando em Educação Escolar pela UNESP, com ênfase no combate a desiguladade social

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