Os Conselhos Municipais de Saúde (CMS) desempenham um papel essencial na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), atuando como espaços de participação social e controle das políticas públicas de saúde. No entanto, um estudo recente revela que a baixa representatividade social dentro desses conselhos compromete a sua eficácia e limita a capacidade de atender às reais necessidades da população. A pesquisa, publicada na Revista Lumen et Virtus, destaca os desafios enfrentados por esses conselhos e propõe soluções para fortalecer sua atuação.
Desafios para a Efetividade dos Conselhos
Realizada por Rogério Batista de Souza, a pesquisa analisa os Conselhos Municipais de Saúde a partir de uma abordagem qualitativa e bibliográfica, focando em experiências concretas e normativas que orientam a participação social no SUS. O estudo identifica que um dos maiores obstáculos enfrentados pelos conselhos é a baixa representatividade social, o que impede que as decisões reflitam de forma eficaz as necessidades da população, especialmente as mais vulneráveis.
De acordo com o estudo, muitos conselhos ainda não têm a composição adequada para garantir uma participação democrática e plural. A falta de representatividade dificulta a formulação de políticas públicas que atendam a todas as camadas da sociedade, com uma particular ênfase na população mais carente e marginalizada.
Capacitação e Desafios Operacionais
Além da baixa representatividade, a pesquisa aponta para dificuldades operacionais, como a falta de capacitação técnica dos conselheiros e a fragilidade nos mecanismos de deliberação, o que limita ainda mais o impacto dos conselhos nas políticas públicas. A falta de conhecimento técnico impede que os membros dos conselhos desempenhem suas funções de forma eficiente, comprometendo a qualidade das deliberações e o controle das ações governamentais.
Souza também destaca que muitos conselhos enfrentam problemas estruturais, como a falta de recursos financeiros e infraestrutura adequada, dificultando a realização de reuniões e atividades que envolvam a participação da sociedade.
Tecnologias da Informação como Aliadas
A pesquisa sugere que o uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs) pode ser uma solução importante para melhorar a participação social nos conselhos. A utilização de plataformas online, redes sociais e aplicativos de gestão participativa pode promover maior transparência, acesso à informação e engajamento da população nas decisões de saúde. No entanto, o estudo também alerta para os riscos dessas tecnologias, como a desinformação e a exclusão digital, que podem aprofundar desigualdades já existentes.
Fortalecimento dos Conselhos: O Caminho para a Inclusão
A pesquisa conclui que, para garantir a efetividade dos Conselhos Municipais de Saúde, é necessário um investimento contínuo em formação, capacitação técnica e fortalecimento da articulação entre os diferentes níveis de gestão pública. Além disso, é essencial que esses conselhos se tornem espaços legítimos de articulação democrática e que sua composição reflita a diversidade da sociedade.
“Os Conselhos Municipais de Saúde têm um grande potencial transformador, desde que sejam estruturados de maneira a garantir representatividade, transparência e capacidade técnica”, afirma Souza.
Avanços Necessários para um SUS mais Eficaz
O estudo sublinha que, apesar dos obstáculos, os Conselhos Municipais de Saúde possuem um potencial transformador no fortalecimento da democracia participativa no Brasil. Para que se cumpram seus objetivos, a capacitação dos conselheiros e a mobilização da sociedade devem ser vistas como prioridades, garantindo uma gestão pública mais transparente e inclusiva. O fortalecimento desses conselhos, portanto, é essencial para um SUS mais justo, acessível e eficaz, capaz de atender às necessidades reais da população e consolidar a participação democrática na saúde pública.
Referência:
- Souza, R. B. “Participação Social e Governança Local: O Papel Estratégico dos Conselhos Municipais de Saúde no Contexto do SUS.” Revista Lumen et Virtus, v. XVI, n. L, p. 8647-8664, 2025. DOI: https://doi.org/10.56238/levv16n50-045.
