O telejornalismo regional, historicamente responsável por mediar a vida comunitária e dar visibilidade às pautas locais, enfrenta um dilema em tempos de convergência tecnológica. A audiência se fragmenta, migra para plataformas digitais e exige interatividade, enquanto os telejornais muitas vezes permanecem presos a modelos centralizados e pouco inovadores.
Essa é a análise de Matheus Moura Alencar de Barros, em seu Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI). O estudo, intitulado “Reinvenção da regionalidade? Os desafios da manutenção do telejornalismo local em tempos de convergência”, não apenas descreve a crise, mas aponta caminhos concretos para que o telejornalismo local se fortaleça.
De acordo com Barros, os telejornais precisam:
- Valorizar a regionalidade como marca de identidade, evitando a mera reprodução de pautas nacionais;
- Explorar linguagens multimídia, incorporando redes sociais e formatos interativos sem abrir mão da apuração jornalística;
- Aproximar-se das comunidades, dando mais espaço à participação cidadã e à diversidade de vozes;
- Reconfigurar sua narrativa, apostando em experimentação editorial e novos modelos de engajamento;
- Investir na formação de jornalistas críticos, capazes de transitar entre TV, plataformas digitais e comunicação comunitária.
Para o autor, a convergência não deve ser encarada apenas como ameaça, mas como oportunidade. “O telejornalismo local pode encontrar na digitalização uma chance de se reinventar, descentralizar narrativas e construir maior pluralidade de vozes”, aponta Barros.
Em síntese, o estudo conclui que a sobrevivência do telejornalismo local depende de um pacto de inovação e compromisso social. Mais do que adaptar-se tecnologicamente, trata-se de reimaginar o telejornal como espaço vivo de cidadania, identidade cultural e diálogo com as comunidades que representa.
Referência
BARROS, Matheus Moura Alencar de. Reinvenção da regionalidade? Os desafios da manutenção do telejornalismo local em tempos de convergência. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Jornalismo) – Universidade Estadual do Piauí, Picos, 2025.
