Campinas, agosto de 2025 – A Receita Federal apreendeu, no Aeroporto Internacional de Viracopos, um carregamento com mais de 1.100 peças de armamentos de importação restrita, vindas dos Estados Unidos e destinadas à cidade de São Paulo. O material foi encontrado em encomendas internacionais que tentavam ocultar o contrabando em caixas de brinquedos de controle remoto, piscinas desmontáveis e até peças de cadeiras de escritório.
Entre os itens identificados estavam canos de armas longas, empunhaduras e acessórios, suficientes para montar cerca de 50 armas de fogo completas, além de peças sobressalentes. Por se tratar de componentes, ainda não é possível calcular exatamente quantos armamentos poderiam ser montados a partir do lote apreendido.
Reincidência e padrão do crime
Não é a primeira vez que Viracopos é alvo de operações semelhantes. Em março deste ano, a Receita já havia interceptado 30 fuzis desmontados no terminal de cargas, também vindos dos Estados Unidos e declarados fraudulentamente como itens comuns. O caso atual sugere que o aeroporto continua sendo rota estratégica para quadrilhas que tentam abastecer o mercado ilegal de armas no país.
Especialistas em segurança pública apontam que o uso de empresas de courier e o disfarce das cargas em objetos cotidianos mostram o nível de sofisticação do crime organizado. A tentativa de entrada de peças desmontadas visa dificultar a detecção e reduzir a possibilidade de enquadramento imediato como tráfico internacional de armas.
Estrutura de fiscalização e riscos
A Receita Federal destacou que a apreensão foi resultado do sistema de análise de risco, que cruza informações sobre origem, destinatários e padrões de envio para definir cargas que merecem inspeção detalhada. Essa tecnologia, combinada com a colaboração das empresas de remessa expressa, tem permitido ampliar a eficiência da fiscalização em portos e aeroportos.
O caso chama atenção para um problema estrutural: a importação de armas e componentes no Brasil é competência exclusiva do Comando do Exército, que deve autorizar previamente o embarque ainda no país de origem. A legislação também proíbe a entrada de armamentos via serviço postal ou courier, justamente a modalidade usada nesta tentativa frustrada.
Implicações para a segurança pública
A apreensão levanta preocupações sobre a capacidade de grupos criminosos de acessar rotas internacionais para abastecer seus arsenais. Em um contexto de aumento de violência armada e disputas territoriais entre facções, cada lote interceptado evidencia que outros podem ter passado despercebidos.
Autoridades ouvidas apontam que, embora o resultado seja positivo para a fiscalização, ele também expõe vulnerabilidades no controle internacional de cargas. “Se 50 armas chegaram desmontadas em um único envio, quantas outras podem ter passado por outras rotas menos monitoradas?”, questiona um especialista em inteligência policial.
Após a apreensão, os materiais foram encaminhados para investigação pelas autoridades policiais competentes, que devem rastrear remetentes e destinatários para identificar os responsáveis pela tentativa de importação ilegal.
Referência
Receita Federal. Apreensão de peças de armamento em encomendas internacionais no Aeroporto de Viracopos. Campinas, ago. 2025.
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