Um estudo recente publicado na revista Saúde Meio Ambient. sistematizou a produção científica nacional e internacional sobre os impactos da regionalização na gestão e atenção perinatal. A pesquisa, conduzida por Sabrina Miranda de Abreu Castro, Flávia Nogueira Reis Brito, Maria Fernanda dos Santos Gomes, Ítalo Ricardo Santos Aleluia e Marcos Pereira Santos, indica que organizar os serviços de saúde em redes regionais pode reduzir mortalidade materna e neonatal, além de qualificar práticas assistenciais.
A revisão sistemática, baseada em 17 estudos publicados entre 2010 e 2025, revelou que a regionalização contribui para pactuações entre gestores, definição de fluxos assistenciais, melhoria da infraestrutura e implantação de boas práticas baseadas em evidências. Em países como os Estados Unidos e a Argentina, experiências exitosas envolveram o fortalecimento de unidades obstétricas e neonatais, a regulação do transporte materno e a presença de equipes multiprofissionais qualificadas.
No Brasil, a regionalização foi formalmente incorporada ao SUS, com destaque para a Rede Cegonha. Ainda assim, persistem falhas na articulação entre municípios, fragmentação de serviços e barreiras de acesso, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Embora avanços como a ampliação de leitos obstétricos, a redução de cesarianas e a adoção de práticas humanizadas estejam presentes, desafios relacionados à violência obstétrica e à regulação de parturientes seguem marcando a realidade de muitas maternidades.
Segundo os autores, a regionalização da atenção perinatal deve ser compreendida como política estratégica para garantir equidade, qualidade e integralidade nos serviços materno-infantis. Ao mesmo tempo, apontam a necessidade de novos estudos avaliativos que aprofundem os desfechos em nível regional, considerando tanto a gestão quanto a assistência.
Referência
CASTRO, Sabrina Miranda de Abreu; BRITO, Flávia Nogueira Reis; GOMES, Maria Fernanda dos Santos; ALELUIA, Ítalo Ricardo Santos; SANTOS, Marcos Pereira. Gestão e atenção perinatal em serviços de saúde: desfechos da regionalização. Saúde Meio Ambient., v. 14, p. 169-190, 2025. DOI: 10.24302/sma.v14.5461.
