A revolução digital em curso, marcada pela expansão da Inteligência Artificial (IA) e da automação, está transformando economias, relações de trabalho e práticas educacionais em todo o mundo. Em Angola, esse movimento começa a ganhar contornos próprios — e a refletir os dilemas entre inovação tecnológica, desigualdade social e soberania digital.
O pesquisador Yero Oyono Machado Liberman de Boavida, da Universidade de Luanda, analisa esse cenário em seu artigo “Inteligência Artificial e Automação: compreensão profunda e implicações no mundo contemporâneo”, publicado recentemente. O estudo parte de uma revisão sistemática da literatura e de casos concretos para compreender como essas tecnologias estão sendo implementadas e quais são seus efeitos sobre o desenvolvimento humano e econômico do país.
Segundo Boavida, a IA e a automação oferecem ganhos expressivos de produtividade, mas também trazem riscos de exclusão e concentração de poder. A falta de políticas públicas robustas e de infraestrutura tecnológica agrava a desigualdade digital: apenas 28% da população rural angolana tem acesso à internet, o que impede a inserção de amplas camadas sociais na economia digital.
A pesquisa aponta que a educação superior é um campo estratégico para a transformação, com universidades locais desenvolvendo parcerias em ciência de dados, robótica e ética digital. No entanto, o autor alerta que “a adoção acelerada da IA deve vir acompanhada de governança responsável e inclusão social”, sob pena de ampliar o abismo entre os que têm e os que não têm acesso à tecnologia.
Entre as recomendações, Boavida destaca a criação de marcos legais de proteção de dados, o incentivo à pesquisa aplicada e o fortalecimento da formação técnica como instrumentos de uma transição justa e sustentável. Ele defende que a transformação digital deve ser guiada por valores éticos e humanos, colocando a equidade no centro da inovação.
📖 Referência:
BOAVIDA, Yero Oyono Machado Liberman de. Inteligência Artificial e Automação: compreensão profunda e implicações no mundo contemporâneo. Universidade de Luanda, 2025.
