Artigo acadêmico defende que o caminho não é só punir, mas formar cidadãos críticos e resilientes contra manipulação e intolerância nas redes
A explosão de discursos de ódio na internet, potencializada por algoritmos de redes sociais e pelo anonimato digital, exige respostas que vão além da repressão. É o que defendem João Paulo de Sousa Curvêlo, Gláucio de Aquino Cabral Angelim e Maria Emilia Camargo em artigo publicado na Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação (REASE).
O estudo sustenta que a educação digital e a alfabetização midiática e informacional (AMI) são ferramentas mais eficazes para combater o ódio online do que medidas exclusivamente punitivas. Enquanto a primeira busca desenvolver competências para o uso crítico e responsável das tecnologias, a segunda ensina a acessar, analisar e criar conteúdos de forma consciente.
No contexto brasileiro, os autores lembram que denúncias de crimes de ódio nas redes cresceram 650% no primeiro semestre de 2022, segundo a SaferNet Brasil. Para eles, isso torna urgente a implementação de políticas públicas robustas que garantam infraestrutura tecnológica, formação continuada de professores e integração da AMI nos currículos escolares.
O artigo ainda ressalta que o discurso de ódio não é só um problema de convivência virtual, mas uma ameaça real à saúde mental das vítimas, à coesão social e à democracia. Ao capacitar jovens e adultos para identificar desinformação, manipulação e narrativas de intolerância, a educação digital e a AMI fortalecem a resiliência individual e coletiva.
Comentário crítico: enquanto políticos discutem leis de censura e remoção de conteúdo, pesquisadores lembram que a raiz do problema é pedagógica: sem formar cidadãos críticos, a internet continuará sendo terreno fértil para o ódio.
📌 Referência:
CURVÊLO, João Paulo de Sousa; ANGELIM, Gláucio de Aquino Cabral; CAMARGO, Maria Emilia. Educação digital e alfabetização midiática como ferramentas de combate ao discurso de ódio. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação – REASE, São Paulo, v. 11, n. 8, p. 3244-3254, ago. 2025. DOI: 10.51891/rease.v11i8.20889.
