Cesta básica sobe em 16 capitais e exige salário mínimo de R$ 7,1 mil, aponta DIEESE

O custo da alimentação básica voltou a subir em outubro em boa parte do país. Segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, elaborada pelo DIEESE em parceria com a Conab, o preço médio aumentou em 16 das 27 capitais brasileiras, com destaque para São Paulo, onde a cesta atingiu R$ 847,14 — a mais cara do Brasil. Logo atrás aparecem Florianópolis (R$ 824,57) e Porto Alegre (R$ 823,57).

No extremo oposto, as capitais Aracaju (R$ 550,18), Maceió (R$ 592,25) e Salvador (R$ 606,39) registraram os menores valores, refletindo o peso desigual do custo de vida entre as regiões do país. Mesmo assim, a pesquisa mostra que alimentar-se continua sendo um desafio para o trabalhador brasileiro, especialmente diante da estagnação dos salários e da alta acumulada em produtos essenciais.

De setembro para outubro, as maiores altas foram registradas em São Luís (3,11%), Palmas (2,59%) e Florianópolis (1,66%). Já Recife (-1,29%) e Campo Grande (-0,43%) apresentaram leve recuo.

Em média, um trabalhador remunerado com o salário mínimo precisou dedicar 122 horas e 46 minutos de trabalho apenas para comprar os alimentos básicos do mês. O gasto representa 60,33% da renda líquida — e, segundo o cálculo do próprio DIEESE, o salário mínimo ideal para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 7.116,83, ou 4,69 vezes o valor atual (R$ 1.518,00).

Os produtos que mais pressionaram o orçamento foram batata (+6,06%), óleo de soja (+4,19%), banana (+3,01%) e tomate (+2,36%). As quedas ficaram por conta do arroz (-2,22%), açúcar refinado (-1,26%), carne bovina (-0,84%) e café em pó (-0,48%). No acumulado de doze meses, o café ainda lidera a alta nacional, com 48,31%, seguido por tomate (17,14%) e carne bovina (14,70%).

O estudo confirma o que a população sente todos os dias: a inflação alimentar persiste, mesmo quando os indicadores gerais de preços parecem controlados. Isso acontece, segundo o DIEESE, por uma combinação de fatores climáticos, concentração do mercado agroalimentar e exportação de commodities, que reduzem a oferta interna e empurram os preços para cima.

A diferença entre o salário mínimo legal e o necessário expõe a distância entre o discurso oficial e a vida real. Enquanto o governo federal projeta estabilidade econômica, a cesta básica segue corroendo o poder de compra das famílias — e transformando o direito à alimentação em um privilégio.


Referência:
DIEESE; CONAB. Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos – Outubro de 2025. São Paulo: DIEESE, 2025.

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